Derrotando seus gigantes



A fantástica história bíblica envolvendo o confronto entre Davi e Golias é algo que nunca deixou de me fascinar, desde meus primeiros dias na Escola Dominical. Essa é uma história muito familiar, até mesmo para pessoas que nunca abriram uma Bíblia, e ela na realidade traz consigo uma estratégia de como derrotar de uma maneira bem-sucedida os gigantes que surgem na sua e na minha vida. Sim, gigantes. Todos nós nos deparamos com eles. Maus hábitos, dúvidas, dificuldades financeiras, relacionamentos difíceis etc, tudo isso e muito mais pode ser considerado gigante em nossa vida.
A história se refere à fascinante luta entre Davi e Golias, representando dois povos em confronto: de um lado os filisteus, e do outro, os israelitas. Voltemos no tempo e vejamos se nessa história não está inserida uma quantidade enorme de verdade e princípios que podem - hoje - ser aplicados em nossa vida.
Eis aqui alguns deles, que ecoam através do tempo, princípios que posso ver nessa fascinante história de um jovem rapazinho derrubando um enorme gigante:
1 - Esteja certo de que os gigantes irão tentar bloquear o seu caminho rumo à Terra Prometida. São tantas as vezes em que corremos em direção aos nossos sonhos, com a ingênua atitude semelhante à de um passeio num parque num dia ensolarado, em meio a uma serena e fresca brisa convidativa… Isso não é verdade! Se você tem um sonho, um alvo, um ardente projeto em seu coração, algo a seus olhos tão grande como uma Terra Prometida, pode estar certo de que em meio à trajetória entre o ponto de partida e o ponto de chegada você irá enfrentar muitos obstáculos. Haverá pessoas que farão tudo que for possível para impedi-lo de alcançar seu alvo. Rick Warren costuma dizer que “Todas as vezes que você decide construir uma casa, pode estar certo de que alguém vai atirar pedras em seu telhado!” Os gigantes irão aparecer. Não é uma questão de “se”, e sim de “quando”. Esse é um fato, e você tem que contar com ele. Não dê inicio à sua jornada com os olhos fechados. Espere encontrar pelo menos um ou vários gigantes!
2 - Ataque seu gigante com uma razão maior do que tão-somente sua própria vitória. Para Davi, a razão primeira e fundamental era a de defender a honra de Deus, uma vez que esse gigante havia zombado do Deus de Israel. Sim, claro que ele sabia que ganharia uma esposa, se livraria para sempre do imposto de renda e teria benefícios financeiros… Contudo, a razão que palpitava em seu coração não era de caráter pessoal. Havia nele um propósito que transcendia interesse particular. A própria glória de Deus estava envolvida na empreitada. O mesmo deve ocorrer conosco. Sim, é verdade que haverá uma série de benefícios que virão em função do nosso sucesso. Entretanto eu tenho percebido - e as Escrituras, do Gênesis ao Apocalipse confirmam - que o maior de todos os sucessos deste mundo é pura vaidade. Só que as coisas que trazem o mais profundo senso de satisfação pessoal sempre vêm mediante realizações de caráter altruísta - razões e causas que transcendem esta vida tão passageira!
3 - Não subestime sua própria capacidade. Quando indagado se ele teria condições de derrotar aquele gigante, Davi logo refletiu sobre seu passado. De imediato me vem à mente algo que o notável Soren Kierkgaard disse certa vez: “Para se viver a vida tem-se sempre que olhar para a frente, mas para compreender a vida tem-se sempre que olhar para trás”. Para Davi o passado era um memorial de fidelidade e ação portentosa de Deus em sua vida. Se o presente o desafiava, o passado o motivava a crer no Deus de Israel. Ao olhar para tráz Davi se lembra da maneira como Deus já o havia ajudado a derrotar um urso e um leão, quando guardava as ovelhas do seu pai. Portanto, agora seu raciocínio era: “Se eu pude derrotar o urso e o leão, certamente posso derrotar este grandalhão…” Davi conhecia sua força e capacidade. Ele sabia que o que poderia fazer ele faria novamente, e uma vez mais, até que alcançasse seu alvo.
4 - Não use a armadura das outras pessoas. Tudo bem. O rei finalmente se convenceu de que Davi poderia ir em frente e enfrentar o gigante. Só que primeiramente ele tinha que colocar sua própria armadura em Davi. E Davi à semelhança de um menino de 10 anos, vestido com o terno do pai se deu conta de que além do ridículo, a impraticalidade daquilo era óbvia. “Não, muito obrigado”, diz Davi. Ele sabia do que estava precisando, e o que necessitava não era aquilo que estava funcionando para outras pessoas. Claro que precisamos de conselhos de outras pessoas, mas é necessário que cheguemos a um momento definidor, onde temos que tomar uma decisão, decisão essa que deve ter como fundamento o que funciona para mim, e não - necessariamente - o que funcionou para alguém. Estamos vivendo numa geração que busca resultados imediatos, e a tentação de colocar modelos que funcionaram em outras circunstâncias, outros climas e outras culturas é sempre muito forte. Porém os resultados podem ser os mais inesperados possíveis. Para Davi, sua funda e sua habilidade de pontaria eram tudo de que ele necessitava.
5 - Use cinco armas, mesmo que você venha a precisar de apenas uma. Essa é uma das partes mais fascinantes dessa história. Davi obviamente sabia que ele era muito habilidoso no manuseio da sua funda, suficientemente hábil para matar um gigante. Portanto, existe uma certa autoconfiança nisso. Mas ele não estava alheio à realidade de que nossos melhores planos tendem a nos surpreender, resultando no oposto do que esperávamos. Estava pois consciente de que eventualmente são necessários mais do que algumas pedras para matar gigantes. Portanto, mesmo que ele precisasse de apenas uma pedra para fazer o trabalho, teve outras quatro como garantia, para fazer a cobertura.
E você? Quais são as medidas de cautela que tem colocado no seu bolso? Se tem apenas uma, é bom e sábio pensar em levar consigo pelo menos mais umas quatro alternativas, a fim de derrotar seu gigante.
6 - Corra para o gigante e não do gigante. Aqui está um ponto muito interessante. A narrativa é clara em demonstrar que Davi correu em direção ao gigante. Para quê? Para que pudesse ter a melhor posição, a fim de lançar a sua pedra. Muitos de nós temos como postura correr dos nossos gigantes, com a expectativa de que se corrermos e nos escondermos com habilidade, eles nos deixarão em paz. Puro engano. Os gigantes - à semelhança do gigante filisteu - aí estão para atormentar, para zombar, para trazer confusão e desencorajamento, e tentar minimizar a ação do Deus vivo e verdadeiro. Não fuja dos seus gigantes. Aproxime-se deles e, na posição mais estratégica possível, derrube-os!
7 - Certifique-se de que o gigante está morto, depois que ele cair. Apenas um arremesso, e o gigante caiu. Davi fez uma festa de celebração? Não. Ele se aproximou do gigante caído, e com um golpe certeiro com a espada do próprio gigante lhe decepou a cabeça. Davi aqui fez algo que vale a pena salientar: os gigantes têm uma habilidade muito especial de voltar à vida. Portanto, antes de seguir em frente certifique-se de que realmente a conquista foi definitiva. À semelhança de Davi, você PODE conquistar seus gigantes! Você pode também fazer deles uma memória de vitória, e se mover rumo à Terra Prometida. Quero encorajá-lo a meditar sobre esses princípios, desejando que eles possam encorajá-lo a derrotar os gigantes do presente e aqueles que ainda hão de vir.